segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Já em curso, 2014


... e a Mecânica Celeste nos gratifica, outra vez ,com um tempo (aparentemente) novo...ou matematicamente renovado em sua contabilidade.
Menores evoluções (os dias) e a grande evolução (o ano), ou seja, rotação e translação, mesmo independendo de nossa participação ou vontade, nos jogam no futuro.
Supõe-se que, em momento algum, o movimento é regressivo – para isto contamos com a imaginação e a memória... ou a tecnologia.

A tecnologia vem adquirindo, cada vez mais, melhores formas de registrar,  acumular e acondicionar os fatos e  os fenômenos do cotidiano, e assim o passado se coloca à nossa disposição de variadas formas.

Voltando à reflexão sobre o futuro, já se tornou uma atitude cultural aproveitar essa época para avaliações  do ‘já vivido’ e projeções para o ‘a viver’.
Nunca me dediquei a tal ‘esporte’ pois acredito que poucos resultados conseguimos em ambas as disposições. Sou mais adepta do cuidado de estar atenta às oportunidades que a vida oferece a cada instante, sem datas especiais... naquela de “ vida leva eu”...

Cada vez menos temos o direito de interferir nos acontecimentos, basta observarmos os noticiários. Tudo que não queríamos acontece à nossa revelia: a violência como forma de reivindicação ou de protesto...Uma natureza em revolta, num descontrole exacerbado, oprimindo e colocando em xeque a segurança das pessoas – calor demasiado e seca continuada, enchentes afogando cidades inteiras...ou o frio e a neve enregelando os espaços numa dimensão assustadora.
Os opostos se enfrentam tanto nas emoções humanas quanto nas forças  da natureza.
 E o cidadão comum, com pouco ou nenhum poder de intervir para evitar tais descalabros,  se encolhe,  se oculta no seu medo, na sua incompetência,  para surgir como um gigante na hora da solidariedadediante do ‘já acontecido’. Tragédias são momentos de colheita de heróis anônimos, sempre prontos a suavizar a dor alheia.
E nós continuamos a desejar Bons Fluidos para o Ano Novo!
É o que nos resta como consolo.
 Como devota da Palavra, habilidade sublimemente humana, ofereço a nós todos, uma sugestão que  pode suavizar o cotidiano.

Trava-línguas

Faca afiada corta
Como espada desembainhada.
Chicote agitado fere.
Palavra mal dita mata.
Mata sonhos, esperanças,
Mata a paz, a harmonia.
Mata do dia a beleza,
Faz abortar o sorriso
Antes que aos lábios chegue
Cria clima de tristeza.
Traz penumbra, gestos frios...
É o terreno da incerteza.

Mentiras, hipocrisia,
Fingimento, adulação,
Calúnia, desconfiança,
Deslealdade, traição,
São facas que cortam fundo,
Gerando desarmonia,
Espalhando confusão,
Como fogo incontrolável
Em superfície inflamável.

Palavra  bem dita anima.
Cobre de flores o chão,
Faz crescer nova energia,
Leva a rumos confiantes.
Ajuda a suportar a dor,
A fome, o frio, a fadiga.
É riacho de água doce,
É brisa mansa e amiga...
Terreno de compaixão.

*Obs.: Sugiro uma pesquisa sobre a palavra compaixão na mensagem BUDISTA.

Aqui no ocidente ela possui um sentido muito limitado, ao menos no usual senso-comum.


Nota complementar:


 Nesta geométrica ciranda espiralada que pode apontar para um eterno retorno, nos deparamos com a reflexão de Teilhard de Chardin, físico francês, autor d’O Fenômeno Humano, na qual ele nos coloca diante da sua sedutora ideia de que essa espiral é ascendente e convergente, levando a hominização para o Ponto Ômega, destino irrevogável para o qual  fomos  criados  e que  o pensador chamou de Ponto Crístico – seus pares, os cientistas, entretanto, o criticaram, achando que ele se desviou da ‘ciência pura’, para enveredar pela ‘mística’...


Esperemos que ele tenha razão, que a sua intuição esteja correta.