sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ainda sobre A CRIAÇÃO

... a conversa continua:

Voltando atrás...
Dinah Hoisel

Menti...

Perdão, amigos, eu menti!...


O poeta e o filósofo não desertam do real...
Ao contrário.
De tão colados à vida
vivem em estado de choque.

Escafandristas,
mergulham cada vez mais fundo...
Parteiras,
fazem surgir a luz,
desinstalando o escuro.

Não sabem o que é o TUDO
Nem sabem o que é o NADA...
( já não é isto um saber?)
Buscam a luz do cotidiano...
Rejeitam andar tateando.
Precisam questionar.

"Eu sei que nada sei"...Ironia!
"Eu quase que nada não sei
mas desconfio de muita coisa."
Que bênção!
Que glória!
Click na sabedoria!
Começo do clarificar...

Um dia quero acordar filósofo
... ou poeta
e ver melhor o mundo que me cerca,
saber mais do meu caminhar

...e talvez morrer de dor.


Mas é preciso cuidado com a insegurança dos poetas.
Eles costumam desafiar os nossos sentimentos e nos provocam, levando-nos do céu ao inferno
em questão de segundos...Transformam-nos em marionetes ao seu bel prazer ...ou à sua desesperança...

Falávamos sobre A Criação...
E, sobre A Criação, mais dois enfoques de poetas que não têm pudor de se contradizerem...

MOMENTO da CRIAÇÃO

Dinah Hoisel

Tivesse eu, agora,a chance de escolha,
sei bem o que me faria feliz:
Um pedacinho de chão
que nem verde precisava ser,
pois verde eu o faria em pouco tempo.

Bastava ter comigo um deus.
Um deus que exerceria
a primeira profissão
que este mundo conheceu.

Um cuidadoso jardineiro,
bem grande e forte,
para vencer as pragas
e os riscos que correm as plantas.

Grande e forte, mas cheio de atenção
e de ternura ao tocar as flores.
E em torno de nós dois
iria se estendendo
o Jardim do Paraíso.

Vencendo dores, tristeza, solidão,
o tapete de cores
iria encantando a natureza,
fazendo cantar a vida.

As pessoas, avisando umas às outras,
se aproximariam,
num misto de encantamento e magia
e - percebendo o incrível acontecimento -
admirando tudo, agradeceriam.

...E sorrindo voltariam aos seus lugares
para transformá-los, também, em Paraíso.

Seria ótimo se assim fosse...mas não é o que pensa
Aline Dichte

Dor Infinita

Pobre e querido planetinha azul,
No Universo és quase nada.
És apenas qualquer coisa
E agora estás à beira da implosão.

E, no entanto
era outro o teu destino.
Alguém te propôs
ser um jardim
onde habitaria o paraíso.

Em que dobra do tempo
se perdeu o teu projeto?
Que mão amaldiçoada
quebrou a tua guia?

És apenas qualquer coisa, sim,
mas nas dores do teu parto
o Infinito uiva de dor
por te tornares, querido,
apenas um aborto.

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Provavelmente Aline assiste televisão demais; sobretudo os noticiários que , no anseio da conquista de audiência (!) deixam escorrer uma hemorragia incontida.
Serão eles os únicos responsáveis pelo descontrole das notícias?...E a nossa parte que dá ibope gratuito?

Uma coisa é certa, você escolhe os óculos com os quais quer enxergar.

Construção

A casa do poeta é feita
do que ele achar melhor
De varandas,
De sobrado,
De jardins e de quintal.
De nuvens
De sinfonias
De cristal
De alegrias
De silêncios e fantasias..

Mas não deixa de possuir
pitadas de intensa dor
para que haja harmonia
e não se afaste demais
da realidade da vida.


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