quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Uma Manhã em Barra Grande

Na Polinésia Baiana, apreciando o mar e deitada numa preciosa rede, pelo ar chega a mim, o som do engano. Alguém canta e louva a praia de Copacabana:

"Existem praias tão lindas cheias de luz

Nenhuma tem o encanto que tu possuis"...

Ah! amigo, nunca foste ao nordeste...

Barra Grande, Mutá, Pedra Furada, Taipu, Goiá... em apenas alguns metros de sonho, a realidade se revela ideal.

É o encontro amoroso do Ideal com o Real.

Esse encontro de ambientes superpostos, como uma transparência sobre outra, formando um único quadro. É o rompimento da dicotomia realismo x idealismo -uma experiência (ou vivência) única.

Claro, existem as muriçocas - apenas para demonstrar que o céu não se encontra aqui.

Por favor, longe do céu de anjinhos tocando harpa...

É o "quase céu", o paraíso de mar verde-absoluto, de micro-biquines, de caipiroskas e cerveja, de brisas e de chuviscos convocados para o banho de água doce, quebrando a rigidez do sal marinho...

Um som em inglês (que eu , pessoalmente, dispenso) ou de MPB - Milton, Marisa, J.Quest, Zé Ramalho, Chico, Nana...

O soluço das ondas, o suspiro das matas, a sombra das palmeiras, o frescor da água de coco, o toque da brisa morna, a gentileza da terra , do mar, das pessoas...

O encantamento de um universo que se finda onde a vista alcança porque para além desse limite já não podemos garantir nada.

Talvez haja mesmo um mundo além, onde as coisas não são tão perfeitas. Talvez haja... No momento não tenho certeza...No momento sofro de uma amnésia que não me permite afirmar situações adversas. É o momento do verso...da poesia...do encanto...do enlevo...

Entre o Sol e o Vento


O vento me acaricia

Traz perfumes de outras eras

Brinca com meus cabelos

Beija toda a minha pele

Canta no meu ouvido

canções que ninguém mais canta

Minhas velas se enfunam

e me levam a outros mundos

que a imaginação revela

Se vem forte, em tempestade,

lava sombras de minh'alma

e faz brotar as sementes

que esperavam despertar

após o amor de vento e água.

O sol é amante violento

pensando que me agrada

me fere, me morde e agride

Me deixa em brasas, sofrendo

Após o conúbio, choro,

o meu corpo se ressente

e reclamando se encolhe,

se cobre, se esconde, mole

Me lança em quarentena

Só quero a reconstrução

Virei escombros de amor

Ó Sol, tu que és tão forte

tem pena de mim, tão frágil...

O teu abraço me espreme

me deixa sem respiração

e espero a brisa que chega

suave, tímida, confortante

trazendo ressurreição.

Sol não sabe ser solícito, suave...

Brisa abraça e em breve beijo abranda tudo.

Só posso concluir citando Mário Quintana:

"Tão bom morrer de amor...e continuar vivendo..."

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