Evasão
Hoje encontrei-me comigo mesma e me achei  muito chata. É isto mesmo: estou aborrecida e nem sei por que.  Para minha sorte encontrei  uma excelente companhia  para consolar  os meus desenganos. São  capazes de adivinhar? Pois é ela mesma, a raínha do  desconsolo, Aline Dichte !
Vejam só o  que encontrei sob a minha porta, ela e sua maneira insólita de buscar contato ... Nunca encara de frente, usa de subterfúgios, de  evasivas, como  quem teme a clareza  do   diálogo.  Mais uma vez a moça deixa que eu encontre  a mensagem, como  se acaso fosse.
Lá estava, sob a porta:
Um terreno   ressequido ,
a dormência.
Um esquecimento.
Um nada enorme,
os  olhos cegos por falta de  luz.
Uma colheita perdida,
um cesto  vazio.
Uma mentira!
Sob o  terreno  gretado
um gêiser recusa-se a explodir...
A dormência esconde a geena.
 O esquecimento , uma farsa.
O enorme nada sonda o tudo...e cala.
 O olho  cego olha pra dentro...e chora.
Vida mais besta!
Quisera  um trem para as estrelas...e partir...
Há de haver aquele   lugar que  o poeta intuiu,
onde as crianças cantam  livres!
Minha querida Aline,  hoje você, além de contar com todo  meu apoio, conta ainda com minha concordância: também estou achando  tudo  sem sentido...
O mundo  perdeu  o colorido e a trilha sonora  do  dia parece um memento , um   lamento, um réquiem...
Arre! Tomara que chegue   logo o  amanhã !
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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