Parece-me que tenho sido exigente demais...Espero uma onda incontrolável de inspiração...Espero um céu límpido e cintilante de estrelas em fulgor absoluto...Espero um tempo de glória em que as notícias venham trazendo um clarão aconchegante de bem-estar coletivo e universal...Espero que meus antigos leitores se organizem em bloco para exigir a volta deste encontro de palavras poéticas e utópicas...Espero o retorno de um sol nordestino que não machuque e que distancie , aos poucos, a revolta das águas que pretendem afogar inocentes e culpadas gentes...
Espero demais, em tempo e em volume! Por não conseguir arredar o pé de onde estou, vou estiolando e desaparecendo...E o que tenho esperado não chega nunca!
Mais uma vez andei lendo o que escrevi há tempos. Descobri e reencontrei o tempo da fartura, os sete anos de fecundidade, os momentos de criação generosa nos quais me expressei sem pudor:
A mi me gusta reler
o que em momentos venturosos escrevi
Parece-me que suave maestro,
sábio, lúcido, engenhoso,
aproximou-se de mim,
expressou-se,
segredou-me melodias
...e ,confiante ,afastou-se.
Cabe-me a tarefa
de ouvir, elucidar, digerir,
viver, divulgar e expandir
o que me foi confiado.
Sincrônica orquestra
de harmonia inquietante,
mágico tecido translúcido
entremeado no cotidiano.
Nem longe, nem perto,
mas dentro do momento vivenciado
a cada instante.
Um tempo de coração aberto, mesmo que mais uma vez induzida em erro, tive coragem de sentir e escrever:
Fora de alcance
Tenho vivido a bastante para reconhecer o amor quando ele chega Nas nuvens, nebulosas, na neblina do tempo me enganei algumas vezes: brilhos falsos, fantasias, Momentos em que a solidão assumia a emoção e tola, burra, eu confundia o que nem de longe era o amor que eu desejava. É assim...nem só o corpo tem exigências, tem anseios... A alma é muito mais seletiva. Alma - herdeira de Diógenes - busca O Homem, o ser humano de verdade. Aquele em quem se pode confiar. Aquele que traduz integridade. Que faz a alma cantar. Que tem inocência bastante para fazer aflorar a inocência da gente. E a alma se faz cativa de um amor para a eternidade pois esse mundo difícil não se permite ser palco para tão sublime raridade.
Consola-me a posição desconfiada do grande poeta RAINER MARIA RILKE. Cheio de dúvidas, baseado em "talvez" e "quase", ele afirmou:
A comunhão é o passo final, talvez uma meta para a qual a vida humana quase não seja o bastante.
Vamos esperar todos juntos?...ou desistir?
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