sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Esperar...ou desistir?


 Parece-me que tenho sido exigente demais...Espero uma onda incontrolável de inspiração...Espero um céu límpido e cintilante de estrelas em fulgor absoluto...Espero um tempo de glória em que as notícias venham trazendo um clarão aconchegante de bem-estar coletivo e universal...Espero que meus antigos leitores se organizem em bloco para exigir a volta deste encontro de palavras poéticas e utópicas...Espero o retorno de um sol nordestino que não machuque  e que distancie , aos poucos, a revolta das águas que pretendem afogar inocentes e culpadas gentes...
Espero demais, em tempo e em volume!  Por não conseguir arredar o pé de onde estou, vou estiolando  e desaparecendo...E  o que tenho esperado não chega nunca!
Mais uma vez andei lendo o que escrevi há tempos. Descobri  e reencontrei o tempo da fartura, os sete anos de fecundidade, os momentos de criação generosa nos quais me expressei sem pudor:
               
    A mi me gusta reler
                   o que  em momentos venturosos escrevi
 
Parece-me que suave maestro,
sábio, lúcido, engenhoso,
aproximou-se de mim,
expressou-se,
segredou-me melodias
...e ,confiante ,afastou-se.
 
Cabe-me a tarefa
de ouvir, elucidar, digerir,
viver, divulgar e expandir
o que me foi confiado.
 
Sincrônica orquestra
de harmonia inquietante,
mágico tecido translúcido
entremeado no cotidiano.
Nem longe, nem perto,
mas dentro do momento vivenciado
a cada instante.
 
Um tempo de coração aberto, mesmo que mais uma vez induzida em erro, tive coragem de sentir e escrever:

   Fora de alcance

Tenho vivido a bastante
para reconhecer o amor
quando ele chega
 
Nas nuvens, nebulosas,
na neblina do tempo
me enganei algumas vezes:
brilhos falsos, 
fantasias, 
Momentos em que
a solidão assumia a emoção
e tola, burra,  eu confundia
o que nem de longe 
era o amor que eu desejava.
 
É assim...nem só o corpo
tem exigências, tem anseios...
A alma é muito mais seletiva.
Alma - herdeira de Diógenes -
busca O Homem,
o ser humano de verdade.
Aquele em quem se pode confiar.
Aquele que traduz integridade.
Que faz a alma cantar.
Que tem inocência bastante
para fazer aflorar
a inocência da gente.
 
E a alma se faz cativa
de um amor para a eternidade
pois esse mundo difícil
 não se permite ser palco
para tão sublime raridade.
 
Consola-me a posição desconfiada do grande poeta RAINER MARIA RILKE.    Cheio de dúvidas, baseado em "talvez" e "quase", ele afirmou:

A comunhão é o passo final, talvez uma meta para a qual a vida humana quase não seja o bastante.

Vamos esperar todos juntos?...ou desistir?

Nenhum comentário: