quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Abissal distância


Em amor,

sou gueixa,

mãos abertas, espalmadas,

serviçal enamorada

total disponibilidade.

Bandeja abarrotada

de frutas a escolher.

Árvore de sombra acolhedora

sou rede

sou lareira

em tempo de rigor invernal.

Sou riacho no calor

sereia de canto doce

fazendo adormecer.

Berço que aninha e agasalha

sou brasa que arde e queima

deixando marca infernal.

Mas…

Sem amor

Sou estrela inalcançável

Sou miragem no deserto

Fortaleza inexpugnável

Sou porta acorrentada,

acesso intransponível,

fosso cheio de serpentes.

Cerca de arame farpado

Nem um gesto acolhedor

Nada, nada a oferecer

Se a jornada

é um convite a dois,

há que ter devotamento,

fazendo nascer roseiras

onde só havia espinhos.

Fazendo cair a chuva

que vem emprenhar a terra

reflorescendo o caminho

…e a viagem se faz divina.

Aline Dichte

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Eis aí mais um poema da minha amiga Aline.

Enquanto ela não tem o seu próprio blog, vamos dividindo este espaço. É um prazer para mim e para os nossos leitores. Espero que seja do agrado de todos essa energia especial que dela emana.

Um beijo.

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