domingo, 30 de agosto de 2009

PRINCÍPIO da MUDANÇA

Talvez o que escrevo agora tenha pouca coerência. Não me importo... Vou seguir o meu pensamento. Em nenhuma direção a que dirijo o meu olhar, encontro coerência, logo...
Primeiro quero agradecer à minha geração por ter cantado " o amor, o sorriso e a flor..." Em tempo de aridez descontrolada é muito bom saber que isso já foi possível. Lá " a tristeza da gente era mais bela...Era como se o amor doesse em paz...nem [se] sabia a que ponto a cidade [ o país... o mundo...] turvaria esse rio de amor que se perdeu..."


No momento em que vivemos, uma coisa é certeza, é exigência, é urgência : a mudança!


Já vivi tempos de exaltação e fúria, quando escrevi:

Quero visões incendiárias.
Quero vislumbrar o que virá.
Serão as cinzas do presente
o embrião da fênix futura?
Escombros serão o germe, a semente?

Diante do eterno
a aventura está apenas começando.

Cegos,
não vimos o que deveríamos ter visto.
Os padrões nos escaparam,
neles se encontra o sentido da existência.
É preciso considerar urgente
sob nova luz, sob nova lente,
e dar o salto que não soubemos dar.

Não vês o novo sol surgindo?

A mola soltou-se com estrondo.
Há um vulcão em erupção.
Presente, no ar, a morte.
Nada ficará impune.
Desta vez é tudo ou nada.

Já não vale pisar
o chão que foi pisado.
Apenas vaga memória persiste.
É o adubo do novo que consiste
na nova realidade ainda envolta
pela película do sonho
prestes a se romper.

O pesadelo acabou?
Há uma criança a nascer?

E o meu olhar visionário pressentia um futuro promissor...

Quero mãos fortes agindo
arrancando a dor do mundo
Trilhar com os que não desistem
e não desertam da luta.
Estar entre os fortes que insistem.

Só eles suportam espinhos.
Nada os faz retroceder
São o sal, a pureza, o fogo,
irradiação poderosa
que se eleva em espirais,
rompendo os próprios limites,
se expandindo mais e mais...

(Anseios)


Pudesse eu
tomaria em meus braços
todo o sofrimento humano
e o acalentaria
como quem consola
um filho enfermo e pequenino.
E cantaria baixinho
até ver secar a última lágrima.
E tudo encontraria outro destino.
E agora poderia murmurar
no meu último poema:
- Vivi. Valeu a pena.

(Último Poema)

Em outros momentos, a lucidez e a humildade traziam-me de volta à realidade e...

Na justa dimensão


Um dia (que pretensão !)
Quis consolar o mundo
e aplacar a sua
dor
para só então sentir
que não vivi em vão.

Hoje vejo-me a pedir perdão
pela estúpida ambição
- Humildade ou lucidez
(como a canja de galinha)
a ninguém traz dissabor.

Basta, ensinou-me Emily,
suavizar somente uma dor.
Um gesto a evitar
que um coração se parta.
Levar um único passarinho
a retornar ao ninho
e terei encontrado
o caminho que faz o viver justificado.

O melhor é seguir o conselho de Toquinho e Vinícius (Carta ao Tom):

"É meu amigo, só resta uma certeza
É preciso acabar com essa tristeza
É preciso inventar de novo o amor."

De minha parte, tenho algo a fazer...
Uma construção em seu entorno, destruiu totalmente o nosso jardim.
É preciso que eu o reconstrua.
Já comecei...não desisto fácil!


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