sexta-feira, 29 de maio de 2009

Ariadne II

Santiago do Piripiri - Olympus 078-1 

Você já deu atenção
a uma aranha tecendo a sua teia?
Que extrema paciência
Que passos sincronizados
Que dança maravilhosa
Que leveza de ação
Que gestos tão delicados

E a teia vai crescendo
urdindo renda formosa
do centro à periferia
Não há erro... nada falta.
Cada toque é uma promessa
para o toque que há de vir.
Só de fios e vazios se faz
a mais linda obra de arte.

Quando, por fim,
o desenho se completa
um mundo desabrochou
inteiramente capaz
de atingir seu esplendor:
quando o sol se espreguiça
e abre os olhos lentamente
revela jóia preciosa
ornada pelo orvalho da manhã.

Minúsculos arco-íris
na prisão iridescente
- não há nada mais bonito -
É um colar de diamantes
Para quem, de olhar atento,
flagra a efêmera beleza.

Quem dera nos coubesse a nós
construir a nossa vida
com a mesma simetria,
da mesma forma sublime,
criando a mesma harmonia.

 

PS- Essa vida previsível  seria muito monótona…

“O bom seria que pudéssemos transitar do caos à simetria ao nosso bel prazer.”

OUSADIA

Gosto de transgredir,
Não por gosto ou teimosia,
mas por essência.
O pré-estabelecido me aborrece,
o já conhecido me sufoca.
A multiplicidade da vida me encanta.

As infinitas faces me fascinam.
Os pequenos riachos me convidam
e hipnotizada me aventuro
a descobrir riquezas inesperadas.
Preciso garimpar as gemas escondidas.
E ver faiscar em minhas mãos
tesouros que ninguém reconhece.

Santiago do Piripiri 117-1

 

 

 

 

 

 

 

É difícil para um poeta conviver com suas próprias incoerências…

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