Uma opinião importante não pode ser descartada..Vai daí que, com prazer, registro a colaboração de Jucemir…ex-aluno, atual parceiro nas incursões pela máquina de fazer doido (…ou curá-los?). Espero que aproveitem.
“Outro dia no metrô, ouvi a seguinte declaração em meio a um diálogo entre adolescentes:”Para que eu vou perder tempo lendo um livro se eu posso entrar na Internet e ler um resumo?”
Acredite: fiquei deprimido.
Será que essa pobre alma juvenil ficaria satisfeita com o trailer em vez do filme?
Sem dúvida, Googles e Wikipedias são excelentes fontes de consulta para muitos assuntos, mas apenas isto.Cumprem a função de enciclopédias; porém, por mais informativo que seja o verbete Machado de Assis, ele não se propõe obviamente a dar conta da obra do autor.
Creio que, anterior mesmo a questão do livro e da leitura, exista o problema da fascinação humana pelos brinquedos – seja o computador ( e suas possibilidades “on-“ e “off-line”), seja o celular neo-kitsch(insuspeito herdeiro eletrônico do canivete suíço), seja o carro com toda sorte de acessórios - e a pletora de comodidades ofertadas pelo universo produtor de mercadorias, sempre eloqüente e eficaz na produção de álibis que nos aplaquem a consciência, cada vez mais difusa, que temos de nosso infantilismo e de nossa indolência.
Exagero se disser que, de modo paradoxal, uma época tão rica em ferramentas tecnológicas é lamentavelmente pobre de idéias – inclusive no campo da arte?
Primeiro admirava-se um quadro pela composição e pelo tema, depois pela cor, e por último pela tinta.
(Quando Chico Buarque surpreendeu a todos dizendo que a canção estava condenada a desaparecer, talvez tenha apontado para um empobrecimento desse tipo.)
Há quase vinte anos, Guy Debord escreveu em A Sociedade do Espetáculo[Para quem não leu, recomendo-o penhoradamente.]: “ Não é de estranhar que, desde pequenos, os alunos comecem com grande entusiasmo, pelo Saber Absoluto da informática: enquanto isso, ignoram cada vez mais a leitura, que exige um verdadeiro juízo a cada linha e é a única capaz de dar acesso à vasta experiência humana antiespetacular.A conversação já está quase extinta, e em breve também estarão mortos muitos dos que sabiam falar.”
Pessimista? Acho não.
Um amigo meu que padece no eito ingrato de duas escolas da rede pública, me disse que às vezes perde a paciência com a “estupidificação” avançada de seus pupilos e apela invocando as quatro verdades filosóficas dos novos tempos: “O bagulho é doido, a chapa é quente, o papo é reto e o processo é lento”.”
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