Francamente não entendo  
a quem possa interessar   
o jeito bem pessoal   
como organizo a agenda.
Se vejo que a tristeza vem  
ajudo a sua chegada:   
leio João Guimarães Rosa.   
Acompanho Tatarana   
no Grande Sertão, Veredas,   
naquele amor impossível,   
naquele desespero mudo,   
naquela tremida mão,   
quase a colher o fruto,   
mas sem poder alcançá-lo.   
E a dor dilacerante   
contida no arrependimento   
de não ter falado a tempo   
_ um desperdício de vida...
Se estou feliz, transbordante,  
ouço música bem alto,   
canto, rio, faço bolos,   
distribuo chocolates   
às crianças dos vizinhos,   
dou mil voltas no jardim,
   
conto flores, rego as plantas,   
observo beija-flores...   
Sou boa pra todo mundo   
..e a vida é boa pra mim!
Se acordo a televisão  
( e prefiro não fazê-lo)   
a dor ocupa meu peito   
ao ver tanto descontrole.   
O rio de desespero   
que corre por sobre o mundo   
e corro a fazer poesia,   
destilando a agonia   
que invade o meu pensamento.   
É dor! É tristeza! É pranto!   
Não sei como o mundo aguenta   
tanto descontentamento.
Às vezes a serenidade,  
lenta, vem se aproximando   
e me recolho ao sacrário   
e ali me quedo, muda,
   
ou converso só comigo.   
Nesta hora o relógio não tem vez.   
As horas passam sorrindo...Silêncio...   
Com certeza sai poesia!
E assim se passam os dias  
plenos de dor e alegria.   
E curto cada momento,   
sentindo o gosto do azedo,   
do amargo e, como convém,   
degustando o doce, o ardente,   
saboreando, com gosto,   
o gosto que a Vida tem.
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